Vereador e irmão são alvos de investigação por realizarem passeios em cachoeira localizada em parque interditado há mais de 20 anos em MT

De acordo com denúncia obtida, os passeios seriam comercializados com o objetivo de divulgar a pousada do vereador, situada nas proximidades do parque interditado

Por: Tangará Mil Graus 3K
 Vereador e irmão são alvos de investigação por realizarem passeios em cachoeira localizada em parque interditado há mais de 20 anos em MT

Vereador e irmão são investigados por promover passeios turísticos em parque interditado há mais de duas décadas em MT

O vereador Arquimedes Dias Pedrozo (PSB), de 46 anos, e seu irmão, Agostinho Dias Pedrozo, estão sendo investigados pela Polícia Civil por realizarem passeios irregulares no Parque Estadual da Gruta da Lagoa Azul, em Nobres, a 151 km de Cuiabá. A unidade de conservação está interditada há 23 anos devido ao processo de degradação ambiental. O caso também foi repassado à Secretaria Estadual de Meio Ambiente (Sema), responsável pela gestão do parque.

Segundo denúncia obtida pelo g1, os passeios seriam utilizados para promover uma pousada de propriedade do parlamentar, situada nas imediações do parque — uma área protegida por legislação ambiental.

Agostinho Pedrozo, por sua vez, afirmou que não é dono da pousada, mas admitiu gerenciar um rancho próximo ao parque. A denúncia indica que esse rancho funcionaria como restaurante, onde eram oferecidos pacotes turísticos com refeições incluídas, especialmente para visitantes interessados na Cachoeira dos Namorados. Ele declarou não ter conhecimento da interdição da cachoeira e afirmou que nunca cobrou pelo uso da trilha.

“A trilha até a Cachoeira dos Namorados foi descoberta por mim e pelo meu pai há cerca de 40 anos, antes mesmo do turismo chegar à Vila Bom Jardim. A gente frequentava o local naquela época, mas depois disso, nunca mais [...] existem três acessos até lá, mas atualmente ninguém está indo”, afirmou Agostinho.

A apuração teve início há cerca de um mês, quando Arquimedes foi levado à delegacia após ser flagrado pela Polícia Militar com um grupo de 24 turistas dentro de uma cachoeira localizada no interior do parque. Os visitantes disseram ter pago R$ 480 cada a um guia para realizar o passeio — valor idêntico ao cobrado nas diárias da pousada do vereador, que incluem o tour.

Embora Agostinho não estivesse entre os conduzidos na ocasião, um dos turistas relatou que o guia responsável mencionou ter recebido autorização dele para utilizar a trilha de acesso à cachoeira. Ainda conforme a denúncia, essa autorização teria sido dada mesmo com conhecimento de que se tratava de uma área de preservação ambiental com acesso restrito.

As acusações contra os irmãos também incluem:

Abertura de trilhas não autorizadas conectando a pousada a cachoeiras na região;
Construção de uma represa, apelidada de “Banho da Princesa”, dentro da área protegida;
Uso indevido de imagens da Cachoeira dos Namorados para promoção de pacotes turísticos.
Embora a pousada esteja fora dos limites formais do parque, ela faz divisa direta com a unidade de conservação.

A Sema informou que a Gerência da Unidade de Conservação recebeu um relatório com as denúncias e que medidas já estão sendo adotadas. O caso foi encaminhado à Polícia Civil, que conduz a investigação sob sigilo.